Bandas

    O SeuZé por mim

    Uma das coisas mais complicadas de se fazer numa banda, com certeza é um release legal. É uma tarefa muito difícil conseguir passar, o mais parcial e sintético possível, o que é o grupo. Eu sempre tomei a iniciativa de fazer os releases das bandas em que toquei e nunca consegui ir além de um elogio de si mesmo, enqüanto banda.

    Decidi comprar o desafio e escrevi o novo release oficial do SeuZé. O resultado está o mais factual, sintético e parcial que consegui.

    Essa vai ser a primeira leitura que os produtores e mídia de fora terão da banda quando começarmos a enviar o CD para as outras regiões. Espero que gostem.

    RELEASE
    Antes de qualquer coisa o SeuZé é uma banda que toca música sem se preocupar com a amplitude de significações e abrangência de estilos que o nome música sugere. Se para alguns a diversidade musical pode implicar em falta de identidade ou personalidade, para os Zés a lógica é outra. E não poderia ser diferente. Ora, como esperar que quatro indivíduos com gostos e referências musicais completamente diferentes produzam um som uniforme que possa ser tachado ou enjaulado em determinado segmento?

    É assim, na contramão do que geralmente ocorre com grupos em início de carreira – formados pelas afinidades – que, desde 2003 o SeuZé, originado em Natal, vem construindo um trabalho sólido a partir das diferenças dos seus músicos. A banda tem a consciência de que em arte não existe originalidade, no máximo pioneirismo. Tudo é referência, reinvenção. É nesse sentido que o grupo não teme assumir a influência que sofre de artistas que, por mais que aparentem não estar em sintonia ou contemporaneidade, se encontram na perpendicular do bom gosto.

    O primeiro CD do grupo, Festival do Desconcerto, lançado pelo selo potiguar Mudernage Diskos, aponta para esse caminho: mais o assumir de diferenças e influências do que um projeto utópico de originalidade. No primeiro trabalho do SeuZé pode-se constatar, sem muito esforço, a ironia de um Noel Rosa ou Mutantes, a indignação de Chico Buarque e Radiohead, a melodia de Caetano Veloso e Los Hermanos, o peso do Sepultura e do Muse, a cadência de Luiz Gonzaga, B. B. King e Chico Science, ou ainda, e por que não, o imaginário de Stanley Kubrick.

    Lipe Tavares, FeLL, Augusto Souza e Xandi Rocha vêm, nesses três anos de carreira, conseguindo firmar o SeuZé como um dos nomes mais representativos da atual música independente nordestina. Fato é que o grupo tem sido alvo de matérias da mídia especializada de diversos estados do Brasil. A participação da banda, no ano de 2005, em alguns dos mais importantes festivais do país, como a Feira da Música (CE) e o TIM MADA (RN), atesta o bom momento. Também são prova do reconhecimento que os Zés têm conseguido, as 8 indicações, que receberam, em 2004 e 2005, a uma das mais importantes cerimônias musicais do Nordeste, o Prêmio Hangar de Música.

    A máxima do SeuZé é, sem dúvidas, a de fazer música sem se preocupar se ela vai se chamar samba, xote, rock, tango ou vai ser simplesmente anônima. Se ela tiver o apelido de bom gosto e soar doce aos ouvidos e se mostrar inteligente aos olhos, é c’est fini, fim de papo.

    Discografia

    • SeuZé (Demo). 2003. Independente.
    • Coletânea Bronzeador Virtual (CD-R/Coletânea virtual). 2004. DoSol Records.
    • Realidade Não Tão Paralela (EP). 2004. DoSol Records
    • Coletânea Virtual Papa – Jerimum/Tim Mada 2005 (CD-R/Coletânea virtual). 2005. Rock Potiguar.
    • Festival do Desconcerto (CD). 2005. Mudernage Records.

    Repensando

    Ontem à noite recebi a notícia de que o SeuZé foi confirmado para abrir o show de Felipe Dylon, no II Rio Grande do Rock. 

    Desde a semana passada quando divulgamos a possibilidade dessa apresentação, muitas discussões aconteceram e outras ainda estão rolando. Foi quando parei um pouco para pensar. Por que diabos tanto burburinho para uma coisa tão simples? 

    Há uns dois anos atrás, a minha opinião era bem diferente da de hoje em dia, mas acho que nesse ponto mudei para melhor. Acho extremamente ridícula a atitude de underground forçado que ainda paira sobre a cabeça de muita gente. Ser alternativo só por ser, sem na maioria das vezes nem acreditar nisso, é uma babaquice sem referências. 

    Não precisa dizer que nós, integrantes do SeuZé, não admiramos a proposta sonora do cara, mas daí a nos recusarmos a tocar no mesmo evento que ele não tem nada a ver. Se fomos escalados para um Festival desse porte é porque o nosso trabalho está sendo reconhecido. Temos que fazer o nosso papel, que é um show bom e interessante. Definitivamente não somos de fazer doce.

    Nunca fizemos o tipo de banda underground, pelo contrário, sempre fizemos questão de fugir de qualquer rótulo ou identidade forçada. A única coisa que queremos é fazer a nossa música, com a única intenção de que ela toque as pessoas. E longe de nós querer limitar esse público. Se forrozeiros e pagodeiros se identificarem com a nossa proposta ficaremos honrados e lutaremos para fazer com que eles continuem gostando. Contudo, para isso jamais iremos adequar o nosso som a nenhum formato. A recepção tem que ser uma conseqüência do que fazemos, nunca a causa. 

    Dia 22 estaremos lá na Arena do Imirá, tocando para um público em sua maioria pré-adolescente, no mesmo dia que um cara que odiado pelos alternativos de opção. Mas faremos um show como qualquer outro, tocando as nossas composições e músicas que gostamos e que achamos que podem trazer algum conteúdo para quem as ouve. 

    Aos alternativos por opção e undergrounds de plantão, paciência. Estou pouco me lixando para vocês.

    2004: O ANO MAIS MUSICAL DA MINHA VIDA

    No final de 2003, quando finalmente pude fazer um balanço anual por meio de auto-reflexão e em seguida comecei a traçar meus planos e principais objetivos para 2004, decidi que iria tentar me esforçar para me dedicar à universidade e conter um pouco os meus impulsos musicais. Pobre ilusão. Com o calendário maluco da UFRN, até fevereiro desse ano eu ainda estava tendo aulas. Intencionalmente, mas sem muitas dificuldades, comecei a fugir do proposto anteriormente. 

    Por outro lado, também sem que eu deliberasse nada, aos poucos a música foi roubando a cena e se tornando a minha maior prioridade. Nesse ano que está se encerrando eu finalmente consegui aceitar a música como o meu meio de vida, como a única atividade que eu consigo fazer sem reclamar e sem enrolar. Dois mil e quatro vai ficar marcado para sempre por ter sido o ano em que decidi que irei viver da minha música, seja como for. Nesse ano que está se acabando eu me iniciei em novos projetos e experiências interessantes. Vou tentar listar as principais: 

    Seu Zé Batalhamos bastante para que a banda se consolidasse como uma das mais ativas e comentadas do estado. O ritmo de apresentações foi muito bom. Tivemos ótimas experiências em estúdio com a gravação do nosso primeiro álbum. E talvez o mais importante tenha sido o fato de eu ter me desenvolvido muito como compositor. Definitivamente esse foi o ano que mais compus, com qualidade. 

    Experiência Ápyus Quando vi no blog de Marlos um anúncio de procura por músicos para acompanhá-lo em sua banda, respondi prontamente. Já conhecia o trabalho do cara desde o Brigitte Beréu e sabia que fazer parte dessa banda seria importantíssimo para o meu enriquecimento musical. De fato foi o que aconteceu. A mistura de ritmos que a banda propõe exige de nós músicos uma musicalidade considerável, além de termos que estar ouvindo coisas de estilos extremamente distintos. 

    Trilhas Uma coisa que eu queria já ter feito há muito tempo mas não tivera oportunidade antes: compor trilhas para teatro ou curtas-metragens. Quando recebi o convite, aceitei de primeira, mesmo sem saber se conseguiria dar conta. Paulo, diretor do curta em questão me encomendou uma canção que de alguma maneira evidenciasse sentimentos de tristeza e melancolia. Compus a música Vila Solidão. Se você quiser ouvi-la mande-me um e-mail que envio. 

    Free-lance Foi nesse ano também que iniciei meus trabalhos como músico free-lancer. Dentre as experiências as que mais me tocaram, cito um Tributo a Jackson do Pandeiro e um projeto de blues intitulado Babylon Blues.

    Espero que em 2005 esse meu contato com a música se estreite mais ainda e que eu consiga sempre mais espaço e reconhecimento em meus projetos. Pelo menos lutarei por isso. 

    Boas festas.

    Constatações dos últimos dias

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    tanley Kubrick foi mesmo um diretor diferenciado, para não dizer o melhor.</strong

    No início desse ano decidi assistir filmes com uma metodologia. Procurei fazer, no meu lidar com o cinema, o mesmo que costumo fazer ao ouvir música. 
    Quando cedi definitivamente aos benefícios da música digital e à possibilidade de conseguir discografias completas do mesmo artista sem desembolsar um vintém para tal, criei o hábito de só fazer o download de uma música se puder também baixar o restante do disco. Assim consigo situar a canção num contexto e não ouço de uma maneira alheia à idéia que os artistas se propõem a passar com os álbuns. Pelo menos penso que é assim. 
    Por analogia, decidi que faria o mesmo com o cinema. Não assistiria só um filme, mas toda a filmografia dos diretores que mais me chamam a atenção. Foi assim que pude constatar de maneira prática a genialidade de Stanley Kubrick. Não é papo de fã incondicional. Todos os seus filmes são acima da média mesmo estando longe de serem conceituais. Não é nada fácil situar qualquer de suas obras em um único gênero. “O Iluminado” é somente um suspense? “2001, Uma Odisséia no Espaço” e “Inteligência Artificial” são somente filmes de ficção? 
    Há duas semanas atrás consegui finalmente assistir a “Barry Lindon”. Era o que faltava para eu acreditar de uma vez por todas que Kubrick foi o diretor com o maior número de filmes excepcionais. 
    Antes de começar a ver a filmografia completa de outro diretor (Quentin Tarantino ou Francis Ford Coppola), vou rever todos os filmes de Kubrick, agora em ordem de produção. 

    Ter um home studio está entre os meus objetivos para o próximo ano.

    A possibilidade de registrar as minhas canções na minha própria casa com uma qualidade apresentável sempre me seduziu. Desde que percebi que podia gravar o som do meu violão desafinado através do microfone do PC, me aventuro por essas praias. 
    Entretanto, os limites que o meu computador impõe não me permitem ir muito longe. Ora, uma máquina com 64 MB de memória RAM, processador de 500 MHz e HD de 20 GB pedindo arrego, em dezembro de 2004, é uma vergonha tecnológica. 
    Anteontem fui à casa de Marlos Ápyus para gravar o baixo da pré-produção do 2° disco da Experiência Ápyus. Foi mesmo uma experiência interessante. Em pouco mais de uma hora e meia, sem muita burocracia, concluímos o trabalho. O resultado está disponível para download em: [www.apyus.com/demo](http://www.apyus.com/demo). Saí de lá satisfeitíssimo e com muita vontade de ter um bom PC com uma placar de som legal. Se eu continuar no estágio ou com alguma fonte de renda fixa, no próximo ano pretendo fazer um upgrade no meu computador. 

    The Beatles é realmente a maior banda de todos os tempos.

    Acho que toda pessoa, em algum momento da sua vida morre de paixão pelos Beatles. Seja uma canção, um disco ou apenas os lindos rostos do “fab four” no início de carreira. 
    Desde o ano passado, quando redescobri os vinis, estou tendo um maior contato com a música da banda. Tenho ouvido exaustivamente todos os álbuns e constatei que o impressionante é a quantidade de músicas excepcionais por álbum. No momento estou apaixonado pelo disco branco. Conhecido pelo público geral como “White Álbum”, na verdade o disco se chama “The Beatles”. Motivo: o conflito de ego entre os integrantes chegou a um ponto que não houve consenso nem para o nome nem para a arte da capa do álbum. O produtor foi categórico. Decidiu que o álbum se chamaria “The Beatles” e teria a capa completamente branca. Inclusive o caráter duplo do disco também foi resultante do conflito de ego entre os caras. Todos queriam que as suas canções entrassem no setlist. A solução foi gravar um duplo.